Quem acompanha aqui a minha newsletter deve ter percebido que publiquei pouco nos últimos dois meses. Talvez vocês não saibam, mas eu sou diretor de filmes publicitários e, quando entra um projeto, minha agenda fica caótica. Esse é um dos motivos pelos quais a periodicidade aqui é tão irregular.
Eu sempre tento escrever um ensaio, mesmo quando tem algum comercial no meio, por ser uma forma de deixar a mente trabalhando em outros assuntos culturais. Mas a verdade é que é bem difícil, inclusive porque o ritmo de leituras e de filmes e séries que assisto também fica bagunçado.
Mas os dois últimos meses em particular foram insanos. Primeiro, pelo volume de trabalhos na publicidade. Os prazos sempre são muito curtos, e o processo um tanto mais burocrático (por envolver clientes e agências de publicidade). É o jogo. Segundo, surgiram alguns trabalhos paralelos importantes para mim, como trabalhar para um certo diretor australiano de filmes de espionagem e ação. E, terceiro, e mais importante: eu dirigi um curta-metragem, adaptado de um conto de Marcello Quintanilha.
O projeto veio até mim através de um amigo, que é produtor e ator. Ele é amigo do Quintanilha de anos, e tem o direito de algumas de suas obras. Uma em particular, a sua favorita, o conto Batalha de Flores, que integra as coletâneas Hinário Nacional e Alimenta estes olhos, é uma que ele tenta levar às telas desde 2019.
É uma história difícil, com personagens e temas complexos. Por se tratar de um conto, o recorte narrativo e dramático é bastante limitado, e isso gera uma série de desafios. Eu topei fazer o filme em junho do ano passado, e em mais de 6 meses eu trabalhei no roteiro e levantei a produção, e as filmagens em si foram nos dois últimos dias de março - e, literalmente na sequência, eu já estava numa publicidade.
Gostaria de compartilhar mais do filme, mas só consigo começar a montar em duas semanas, mais de um mês desde que concluí as filmagens. E só posso divulgá-lo na Internet em uns dois/três anos, porque tenho que cumprir o circuito de festivais internacionais e nacionais, e eles exigem diversas coisas - entre elas, a exclusividade. Isso significa que o filme não pode estar disponível em qualquer lugar que não no festival, no período determinado em que ele transcorre.
Mas, quem sabe, vou passando mais informações com o andar da carruagem.
Fazer o curta foi importante porque tem mais de dez anos que não trabalho com um formato mais narrativo e dramático (pois é, a publicidade me absorveu). Já há alguns anos venho querendo entrar de novo no mercado de cinema e TV, e um curta roteirizado por ninguém menos que Marcello Quintanilha simplesmente não dava para passar.
Seguem algumas fotos da produção do filme (algumas foram clicadas pelo Dionisius Amêndola, que foi registrar o set).
Marcello Quintanilha e eu no set, além do meu caderno de direção.
Frames do material bruto. Uma das atrizes é a Marcélia Cartaxo, de A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral. Os outros atores são Guilherme Rodio, Rafael Lozano, Thadeu Matos e Bárbara Barcala.
Isso significa que somente agora estou tendo tempo de escrever novos ensaios. A série atual é resultado de vários ensaios e textos que escrevi para o livro que estou escrevendo a passos de tartaruga (pois é, ainda tenho que conciliar isso com todo o resto). Os ensaios são elocubrações sobre a obra de Orson Welles, o sonho americano, tecnologia, David Fincher e jornalismo, e fazem parte do livro - ainda que tenham sido bastante editados para o formato aqui do Substack.
Nas próximas semanas vou começar a publicar uma série relativamente longa sobre um assunto que ainda não abordei aqui: videogames. É um assunto mais leve, mas que, dada a natureza do tema, é muito volumosa. Isso significa que este mês de maio será o mais cheio (até o momento) desde a criação desta newsletter em agosto do ano passado. Não sei ao certo, mas acredito que sejam algo como 10-11 ensaios no total. E, se der, ainda encaixo mais alguns no meio do caminho.
Obrigado pela leitura.
Que ótimo, Luis. Que surjam mais trabalhos.
E quero muito ler a série de textos a respeito de videogames. Tô na espera já!
Oi Luis. Acho que em algum dos episódios do extremistão, ou quem sabe em alguma live no canal do Dio, vc ( ou o Dio) comentou sobre a possibilidade de fazer um filme da Ana Paula Maia. Você tem planos de fazer? Vi que um dos livros dela vai ser adaptado pro cinema, pelo mesmo diretor da série Desalma, que também foi escrita por ela.
Aliás, você assistiu a série?